quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

MOMENTOS DE SOFRIMENTO DOS NOSSOS AMIGOS, O QUE DIZER?


QUANDO VOCÊ NÃO SABE O QUE DIZER




Um antigo provérbio diz: “Até o estulto, quando se cala, é tido por sábio, e o que cerra os lábios, por sábio” (Prov. 17.28). Uma versão moderna desse pensamento seria: “É melhor manter a boca fechada e os outros pensarem que você é tolo, do que abri-la para que tenha certeza”.

Mas o que dizer daqueles momentos na vida que não se referem a nós? E quando num desses terríveis momentos nossos amigos estão sofrendo e tudo que queremos é oferecer palavras de conforto e encorajamento?

Para momentos assim, Roy Clark compartilha suas experiências de vida e de aconselhamento pastoral, que nos ajudarão nas situações em que não sabemos o que dizer.



Momentos de Aflição

Meu pai adorava sobremesas. Uma de suas paradas preferidas na década de 1940, era numa confeitaria. Num dia em que estávamos juntos, após escolhermos uma dúzia de sonhos, ele entrou no carro e me disse que ainda precisávamos fazer outra parada no caminho da casa. Um colega do banco em que trabalhava, havia falecido e iríamos até a capela mortuária visitar a família.

No estacionamento, papai desligou o motor e permaneceu ali pelo que me pareceu uma eternidade, embora tivessem sido somente uns três minutos. Finalmente lhe perguntei se ele realmente iria entrar na capela, foi então que ele colocou a cabeça sobre a direção e soluçando falou: “Eu não sei o que dizer”.

Velórios eram muito difíceis para meu pai. Talvez por ter perdido sua mãe muito cedo, a morte de alguém o relembrava do amor materno que perdera. Papai acabou entrando na capela mortuária, mas ao sair dali, ficou em silêncio até chegarmos em casa.

Tal como esta situação com meu pai, há muitos momentos desconfortáveis e dolorosos na vida, nos quais não sabemos o que dizer. Por exemplo:

. Uma amiga recebe a notícia de que está com câncer em fase terminal; sabemos que devemos visitá-la no hospital, mas não sabemos o que dizer.

. Uma família da igreja está padecendo a agonia do suicídio do filho. Embora tenham retornado à igreja, nós os evitamos pois não sabemos como abordá-los.

. Um irmão da igreja se divorcia e este é o seu primeiro domingo na igreja após o divórcio. Ele fica a entrada da igreja, aguardando que alguém o cumprimente. Dezenas de pessoas passam rapidamente por ele, evitando-o, pois não sabe o que dizer.

Casos como estes relembram dos três amigos de Jô que ouviram sobre o seu sofrimento e vieram prantear com ele e confortá-lo. Por sete dias permaneceram quietos, mas quando finalmente quebraram o silêncio ficou óbvio que não sabiam o que dizer.

Se você quer ser alguém que ajuda ao invés de machucar, que se envolve ao invés de ignorar, então você precisa ler com atenção, os seis primeiros capítulos do livro de Jô. Lá aprendemos o que dizer – e o que não dizer – naqueles momentos em que palavras encorajadoras são tão desesperadamente necessárias.



O PAI DO ANO

Se houvesse um Prêmio na antiga terra de Uz para o “Melhor Pai do Oriente”, Jô com certeza teria sido vencedor. Sua história começa com superlativos, retratando um homem íntegro que vivia uma vida ideal. Financeiramente ele era considerado rico, espiritualmente Le anda com Deus, e regularmente orava por seus dez filhos.

Não haveria necessidade do conforto de seus amigos se este fosse o final da história épica de Jô com uma conversa que se passou no céu, entre Deus e Satanás. Depois deste diálogo, a vida de Jô jamais seria a mesma.



AS ACUSAÇÕES DE SATANÁS

Quando lemos o primeiro capítulo de Jô, ouvimos um diálogo que ocorreu há milhares de anos, no céu, entre Deus e Satanás. Nesta conversa sobrenatural aprendemos muito sobre o demônio. Em Apocalipse 12.10 Satanás é chamado de o “acusador de nossos irmãos” – e era exatamente isto que ele fazia como está registrado no primeiro capítulo do livro de Jô. Ele tinha perambulado pela terra procurando as falhas do seres humanos decaídos.

E qual foi a resposta de Deus? Ele convidou seu adversário a examinar a vida de Jô, prestando muita atenção ao seu caráter.

Observastes o meu servo Jô? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, home íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal (Jô 1.8).

Acuado, Satanás reage fazendo seu jogo favorito. Ele diz que a lealdade de Jô não era genuína, mas o resultado da construção de uma cerca de proteção de benção ao redor dele e de sua família, feita pelo próprio Deus, Jô tinha uma família grande, um imenso rebanho e muito dinheiro. Quem não adoraria este Deus que lhe deu tudo o que sonhava? E qual foi o desafio de Satanás para Deus?

Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto em, e verás se não blasfema contra ti na tua face (Jó 1.11).

Milhares de anos mais tarde, lemos a história de Jô sem a devida admiração. Talvez a tenhamos lido tantas vezes, que nossos ouvidos estão anestesiados para entender a chocante natureza da resposta de Deus. Ele permitiu que o bem-estar de Jô fosse atacado. Para ficar seguro. Ele delineou um limite, não permitindo que o inimigo tirasse a vida de Jô. Mas Satanás recebeu enorme liberdade de ação!

Ao lermos sobre a tempestade de adversidades que Satanás fez cair sobre a vida de Jô, é bom lembrarmos que sabemos algo que Jô não sabia. Ele nada sabia da conversa que ocorreu no céu e que está descrita no capítulo um do livro de Jô. Este servo estava experimentando o colapso da proteção e das bênçãos de Deus, que resultara de um desafio entre Deus e Satanás. O autor Philip Yancey retrata bem isto em seu livro Decepcionado com Deus.

Se pensarmos no livro de Jô como uma peça de mistério, como história que detetives buscam saber “quem fez o quê? Isto nos ajudará. Antes da peça propriamente dita começar, nós da platéia temos uma rápida pré-estréia, como se tivéssemos chegado antecipadamente para uma conferência de imprensa na qual o diretor explica o seu trabalho (cap.1-2). Ele relata o enredo e descreve os principais personagens, nos diz, adiantadamente, qu4em fez o quê e por quê no drama. De fato, ele resolve cada mistério no drama com exceção de um: Como o personagem principal responderá? Jô confiará em Deus ou o negará?

Mais tarde, quando a cortina se abre vemos somente os atores no palco. Confinados dentro da peça teatral, eles não têm conhecimento do que o diretor nos disse na pré-estréia. Nós sabemos “quem fez o quê”, mas o astro - o detetive Jô, não sabe. Ele passa todo o seu tempo no palco tentando descobrir o que já sabemos.

O quê Jô fez de errado? Nada. Ele representa o melhor da espécie, tanto que o próprio Deus disse que ele era “homem íntegro e roto, temente a Deus e que desviava do mal”. Por que então, Jô está sofrendo? Não é uma punição sendo aplicada. Longe disso – ele foi selecionado como o principal concorrente num concurso dos céus.

Com muita frequência buscamos no livro de Jô respostas definitivas para o sofrimento humano, mas não vamos encontrá-las ali. Ao contrário descobrimos a história de uma fé inabalável em Deus, em meio a situações caóticas que fogem ao nosso controle.



JÓ E O TESTE DA FÉ

Certa manhã, por volta das 10h, o telefone tocou. Era o nosso filho mais Velho Tiago ligando. Sua voz tremia ao descrever como nosso filho caçula, Davi, entrara numa loja enquanto corria um assalto. Entre os soluços de Tiago, soubemos do detalhes – Davi fora baleado duas vezes, uma em cada braço e estava hospitalizado.

Fomos ao hospital em tempo recorde. Ao chegarmos encontramos o quanto de Davi protegido por um policial. Depois que nos permitiram entrar no quanto. Davi compartilhou conosco sua história. Sentindo sua ansiedade, lemos o Salmo 91 juntos para receber o conforto e encorajamento. Entretanto os versos 10.11 nos fizeram refletir: Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, pra que te guardem em todos os teus caminhos.

Davi apontou para as feridas em seus braços e perguntou: “Que tipo de proteção foi essa?” Nossa fé num Deus vigilante estava sendo testada.

Da mesma forma a fé professada por Jô foi testada, quando as perdas se sucederam como rajadas de tiros, causando o desmoronamento de seu mundo.

E o que ele perdeu?



SEUS BENS

Referiam-se a ó como “este homem era o maior de todos os do Oriente, e o escritor do livro nos diz por que ele era digno do título. No mundo antigo, a riqueza de uma pessoa era determinada pelo tamanho de seus rebanhos e manadas, e ninguém tinha mais do que aquele homem – sete mil ovelhas, três mil camelos, mil cabritos e 500 asnos. Para cuidar de seus 11.500 animais, Jô provavelmente tinha um enorme pasto. Mas a história relata que em um dia tudo aquilo lhe foi tirado. Mensageiros vieram até Jô e lhe disseram:

Os bois lavravam e as jumentas pasciam junto a eles; de repente, deram sobre eles os sabeus, e os levaram , e mataram aos servos afio de espada, só eu escapei,, para trazer-te a nova. Falava este ainda quando veio outro e disse: Fogo de Deus caiu do céu, e queimou as ovelhas e os servos e os consumiu; só eu escapei, para trazer-te a nova. Falava este ainda quando veio outro e disse: Dividiram-se os caldeus em três bandos, deram sobre os camelos, os levaram e mataram aos seus servos a fio de espada; só eu escapei, para trazer-te a nova. (Jô 1.14-17).



A perda de Jô nos lembra do que aconteceu quando os mais ricos especulares de Wall street foram á bancarrota em questão de horas, com o colapso do mercado de ações em outubro de 1929. Alguns começaram a pular das janelas dos escritórios, outros, tidos antes como milionários, foram parar nas filas de pão. Suas vidas foram viradas de cabeça para baixo, num só golpe.

Em nossos dias de fusões de empresas, a terceirização e cortes de funcionários são comuns muitas pessoas de repente, encontrar uma carta de demissão na sua caixa de correio no trabalho ou dentro do seu envelope de pagamento, dizendo-lhes que perderam seus empregos. Em tais casos, os cristãos confrontados com estes dilemas enfrentam um teste de fé em Deus.

A perda de riquezas e bens, não foi o pior acontecimento na vida de Jô.



SEUS FILHOS

Além de grandes rebanhos e mandas, Jô também tinha uma família grande de dez filhos e três mulheres. Pelo visto, esses filhos já eram crescidos, mas ainda íntimos, pois se reuniam periodicamente para um banquete. Alguns crêem que cada um deles era responsável pelo banquete num dia específico da semana. (Jô 1.4).

Entretanto, Jô se preocupava com a possibilidade de seus filhos pecarem contra Deus durante o banquete. Por isso, ele se levantava cedo e orava por eles e oferecia sacrifícios em seu favor (Jô 1.5), servindo como o sacerdote da família.

Durante um daqueles banquetes familiares, uma tragédia ocorreu e os dez filhos de Jô morreram. Um mensageiro trouxe as notícias:

Eis que se levantou grande vento do lado do deserto e deu nos quatros cantos da casa, a qual caiu sobre eles, e morreram; só eu escapei, pra trazer-te a nova. (Jô 1.19).

Jô ficou devastado, seu mundo desmoronava. Primeiro, suas riquezas evaporaram e agora seus filhos lhe tinham sido tirados.

Anos atrás recebi um telefonema de um líder da igreja que eu pastoreava. Um terrível acidente havia acontecido envolvendo sua irmã e sua família. Foi numa quarta-feira chuvosa, à noite, quando ela levava suas três filhas para a igreja de carro. Ao entrar no estacionamento um carro colidiu com o dela. As três meninas morreram e a mãe sobreviveu ao acidente. Pediram ao meu amigo que fizesse a homenagem às suas três sobrinhas no funeral, e ele solicitara que eu o ajudasse a escrever o que ele deveria dizer.

Minha mulher e eu fomos ao funeral. Estes pais, como Jó, haviam perdido toda a sua prole. Centenas de pessoas choravam. Foi nessa tarde que eu comecei a entender a profundidade da perda de Jó.

Durante um culto dominical vespertino, recentemente, pensei novamente em Jó e na perda de seus filhos. Estávamos cantando um hino escrito por Beth e Mar Rederam, intitulado Blessed Be Your Name (Bendito Seja o Teu Nome). As palavras que cantávamos refletiam o mistério de tal perda:

Bendito seja o Teu nome quando o sol brilha sobre mim:

Quando o mundo é do jeito que deve ser, bendito seja o Teu nome quando a estrada da vida é marcada pelo sofrimento, quando a oferta é dolorosa, bendito seja o Teu nome.

Os compositores devem ter lido a história de Jó antes de escrever o refrão: O Senhor o deu e o Senhor o tomou: e o meu coração escolher dizer; Senhor bendito seja o Teu nome.

Esta foi a incrível resposta de Jô à perda de seus dez filhos. Em Jô 1.20-22 nós lemos.

Então, Jô se levantou rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou: e disse: ter de minha mãe e nu voltarei: o Senhor o deu o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor! Em tudo isto Jô não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.

Quando leio aquelas palavras de uma confiança inabalável, tenho que dizer “Jó você é um homem melhor do que eu” Por quê? De 1963 a 1979 a família da minha primeira esposa foi atacada por câncer. Perdi minha sogra, depois um cunhada, em seguida meu sogro e finalmente em 1979 minha mulher, todas de câncer.

Uma família inteira se foi. Todos eram cristãos – e líderes na igreja.

Como Jesus foi ao jardim do Getsêmane para orar em Sua hora de agonia, eu ficara de joelhos suplicando a Deus que removesse o cálice do sofrimento da minha família – mas todos morreram. Com toda honestidade, eu não demonstrei a mesma confiança inabalável de Jó. Eu ficava chorando, “Por quê?” Uma pergunta comum para aqueles que estão sofrendo e também para seus familiares.

Jô passou nos primeiros teste de sua confiança em Deus, então o inimigo decidiu jogar mais lenha na fogueira provocando mais adversidade.



SUA SAÚDE

Depois da perda de seus bens e seus filhos, Jó enfrentou o próximo desafio à sua fé – sua saúde foi atacada. Aqui começou uma nova etapa com outra investida de Satanás.

Então, Satanás respondeu ao Senhor: Pele por pele, e tudo quanto o home tem dará pela sua vida. Estende, porém, a mão toca-lhe nos ossos e na carne e verás se não blasfema contra ti na tua face.(Jô 2.4-5).

O senhor deu permissão a Satanás pra tocar a saúde de Jô com a condição de que sua vida fosse poupada.

Então, saiu Satanás da presença do Senhor e feriu a Jô de tumores malignos, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. Jô, sentado em cinza, tomou um caco para com ele raspar-se (Jô 2.7-8).

O autor David Atkinson escreve sobre o mais novo ataque do inimigo: A enfermidade é adicionada a todas as provações que Jô tem que enfrentar. Ele foi afligido pelo Diabo com uma condição intolerável, com a permissão de Deus. Os tumores malignos que iam da sola dos pés ao topo da sua cabeça são descritos como um tipo de hanseníase ou elefantíase. Ele se retira para onde os leprosos vão: o monte de cinzas fora da cidade, onde Le raspa sua ferida com um caco de cerâmica. Aquele que era rico, agora se torna pobre.

Talvez você tenha algum querido que está sofrendo. E embora ele não tenha sido testado com a perda de bens ou filhos, pode star enfrentando a perda da sua saúde. Talvez tenha feito um check-up e esperado ansiosamente pelos resultados. Quando recebeu um telefonema do consultório médico dizendo que havia achado algo suspeito, ele provavelmente questionou:

. Por que eu?

. Por que isto?

. Por que agora?

Talvez seu amigo esteja se tratando de algum câncer, mas cada vez que uma sessão de quimioterapia ou radioterapia é marcada ele ouve o eco de algumas perguntas que o salmista faz no Salmo 77:

Será que o Senhor vai nos rejeitar para sempre? Será que ele nunca mais vai ficar contente conosco? Será que deixou de nos amar? Será que sua promessa não tem mais valor?

Ele se pergunta por que está sendo testado. Esta é uma reação natural. Não somente para os que estão sendo testados, mas também pra seus queridos, e isto intensifica a dor.

Isto nos leva a um teste ainda mais pessoal que foi acrescentado ao sofrimento de Jó.



SEU CASAMENTO

A mulher de Jó deve ter ficado terrivelmente confusa ao contemplar essa carga de perdas se abatendo sobre sua família. Afinal, seu marido era um homem bom e honrado. Ele era um guerreiro de oração, um provedor e protetor. Por que estas tragédias aconteceram com alguém como Jô?

No livro Too Good To bem True (Bom demais para ser verdade) Michal Horton compartilha sua confusão pessoal ao observar o crescente sofrimento de seus piedosos pais. Ele descreve: Aos 78 anos Jamas Horton com um tumor benigno no cérebro, que necessitava de remoção imediata. A cirurgia não foi bem-sucedida e não demorou muito para que nós entendêssemos que meu pai não se recuperaria. A fortaleza de nossa família, minha mãe, se agitava ao lado de sua cama, afofando nervosamente seu travesseiro a cada 15 minutos. Então dois meses antes da morte de meu pai, mamãe sofreu um derrame cerebral massivo enquanto eu a trazia do funeral da sua irmã, onde ela fizera uma emocionante homenagem. Esta mulher forte e compassiva, que havia dado sua vida às crianças especiais da cidade e aos idosos abandonados agora dependia dos outros. Nos meus momentos mais escuros, eu me perguntava por que Deus permitiu que meus pais experimentassem o pior de suas vidas no “último ato” de seu tempo aqui. Não deveriam aqueles que doam suas vidas aos outros, especialmente aos idosos, ter uma partida mais tranqüila desta vida?

Essas mesmas perguntas deveriam ter vindo à cabeça da mulher de Jô quando ela foi até o monte de cinzas um dia, e, viu Jô com todas aquelas feridas. Era demais! Então, ela simplesmente disse: “Amaldiçoe a Deus, e morra” (Jó 2-9).

Um famoso pastor britânico, comentou que somente aqueles que já estiveram na beira da cama de um ente querido em sofrimento podem entender completamente o coração da mulher de Jô. É um clamor de alguém ligado por amor àquele que está doente. Significa também que ela não agüentava vê-lo em sofrimento nem mais um dia.

Eu creio que este foi o teste mais difícil que Jó enfrentou. O inimigo colocou palavras desafio entre Deus e Satanás na boca de alguém que Jó amava. Que esperto! Os anjos devem ter se debruçado nos parapeitos do céu, prendido a respiração, só para ver se Jó finalmente sucumbiria. Mas Jó respondeu pra sua mulher aflita:

Você está dizendo uma bobagem! Se recebemos de Deus as coisas boas, por que não vamos aceitar as desgraças (Jó 2.10).

A mulher de Jó devia estar zangada com Deus, mas precisamos lembrar que Deus sabe lidar com nossa raiva. Esta troca honesta de emoções entre Jó e sua mulher ressalta a credibilidade desta história. É verdade, as pessoas da Bíblia ficavam com raiva de Deus – e uns dos outros. Deve ter sido inexprimivelmente difícil para Jó perder suas riquezas, sua família e sua saúde. Primeiramente ele respondeu com fé para finalmente cair em desespero.

Quando nosso amigo está sofrendo e em desespero, o que fazemos? O que dizemos?



CONFORTANDO ALGUÉM QUE SOFRE

Os três amigos de Jó, Elifaz, Bildade e Zofar souberam das lutas de Jó e resolveram ir vê-lo. Quando o encontraram no monte de cinzas da vila, Jó devida estar se sentindo desesperadamente só. Inicialmente seus amigos fizeram boas coisas (Jô 2.12-13). Mas no decorrer da história Jó os chama de “consoladores molestos”. No entanto olhemos as diversas lições positivas que podemos aprender destes homens, sobre como confortar alguém que está sofrendo.

FAÇA-SE PRESENTE

Quando os três amigos de Jó ouviram sobre todas estas adversidades que se abateram sobre ele, cada um saiu de sua casa [...] Pois eles haviam combinado de juntos virem e chorarem com ele, e o confortarem (Jó 2.11).

Houve um custo para que ele3s viessem até Jô em seu sofrimento – dinheiro para viagem, mudanças e suas agendas, e tempo para os três se encontrarem em algum vilarejo. Tudo isso exigiu esforço e gasto. Ainda assim, eles vieram a Jó.

Eles me lembram uma história relatada em Marcos 2. Aqui quatro homens estão prontos para ajudar um amigo anônimo que era aleijado. Max Lucado retrata o cenário do Novo Testamentos em seu livro (Ele ainda remove pedras): Seus pés penduravam-se como ornamentos no final de suas pernas. Ele podia ver seus membros, mas não podia senti-los. Alguém tinha que lavar seu rosto e banhar o seu corpo. Ele não podia assuar seu nariz, nem dar uma caminhada. O que ele precisa é de um novo corpo, qualquer homem com metade de seu juízo diria isto. Quando Jesus retornou a Cafarnaum pra uma segunda visita, quatro amigos deste homem aleijado vieram até Ele e lhe disseram, “Nós vamos levá-los a Jesus!” E nada os impediu de cumprir sua missão. Qual foi sua estratégia? “Se não pudermos passar com você pela multidão, nós simplesmente abriremos um buraco no telhado e o baixaremos até Jesus”. Eles o carregaram até Jesus numa maca, mas ele voltou para casa com pernas sadias – e com seus pecados perdoados.

Sua decisão de visitar um amigo que está sofrendo pode não ser fácil, mas ele ou ela precisa de alguém próximo que se importe. Assim, se o Espírito de Deus, tocá-lo, você deve ir – mesmo que seja inconveniente. Os amigos de Jô sentiram a necessidade de estar ao lado do amigo que sofria e assim o fizeram.



PERMANEÇA SILENTE

Levantando eles de longe os olhos e não o reconhecendo, ergueram a voz e choraram; e cada um, rasgando o seu manto, lançava pó ao ar sobre a cabeça. Sentaram-se com ele na terra, sete dias e sete noites; e nenhum lhe dizia palavra alguma, pois viam que a dor era muito grande. (Jó 2.12-13).

Os amigos de Jó expressaram sua dor num estilo típico do Oriente Médio – chorando, rasgando as roupas, e aspergindo pó sobre suas cabeças. Depois permaneceram ao seu lado em silêncio por sete dias e sete noites!

É difícil para nós – do século 21 viciados em músicas, conversas, TV, rádio, internet – imaginar aquela semana silente de Jô e seus amigos. Mas não há nada de errado com o silêncio. Quando você se depara com o sofrimento não precisa temer o silêncio. Não se apresente como um “conserta tudo”, nem como um perito em teologia; vá como alguém que se importa.

O silêncio pode encorajar a união de corações com o daquele que sofre. Muitas pessoas que passaram por dores, testemunharam que as visitas mais significativas que receberam foram aquelas em que um visitante as abraçou, sentou-se em silêncio e saiu dizendo simplesmente “Eu te amo!”.

Stanley Hauerwas escreveu um livro intitulado Presença sofrida, no qual ele fala maravilhosamente sobre o ministério do silêncio. Roberto, seu amigo, estava tentando se recuperar da dor do suicídio de sua mãe, e Stanley temia ir à sua casa visitá-lo. Como tantos outros, ele simplesmente não sabia o que deveria dizer. Por isso, ele apenas sentou-se em silêncio ao lado do amigo.

Fazendo uma retrospectiva, Stanley convenceu-se que o seu amigo queria e precisava de sua presença. Não houve tentativas fúteis de explicar a tragédia do suicídio sob a ótica da psicologia. Não houve especulação ou debate teológico. Somente uma pessoas que escolheu estar lá – agindo silenciosamente como um bálsamo de compaixão para o coração ferido de seu amigo. Esta foi uma coisa certa que os amigos de Jó fizeram e que podemos fazer também.



OUÇA

Seguindo os costumes de cortesia do Oriente Médio, as visitas de Jó esperaram que seu amigo que sofria, falasse primeiro. Depois de uma semana de silêncio, Jó finalmente passou a falar abrindo seu coração (Jó 3.1). E eles ouviram.

A trágica realidade é relatada no capítulo 3: Jó queria ter morrido. Que bom que esta é apenas uma parte da história de Jó. Se o versículo em Jó 1.21 (O Senhor o deu e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor) é uma expressão de heróica espiritualidade então o capítulo 3 de Jê é um honesto grito de desespero revelando a humanidade de Jó. Ele perguntou, “Por que?” sete vezes neste capitulo. Nossos corações ressoam com essa palavra porque todo aquele que sofre está propenso a perguntar “Por que?”

Qual a profundidade do desespero de Jô? Era tão sério que ele chegou a amaldiçoar o dia do próprio nascimento. Era tão profundo que ele desejou ter morrido ao nascer. Era doloroso o suficiente para ele desejar a morte. Depois de todas estas expressões de se profundo desejo de morrer, as palavras finais de Jó no capítulo 3 revelam uma dupla de emoções: depressão e raiva. Jó revela esta raiva a Deus quando ele diz:

Por que se concede luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus cercou de todos os lados (Jó 3.23).

Por um tempo, os amigos de Jó ouviram suas reclamações e perguntas e suas declarações de desespero. Parece que ao invés de ouvir o tumulto do seu coração, infelizmente, estes amigos estavam ocupados compondo resposta teológicas pra o problema dele.

Homens são tipicamente caracterizados como “solucionadores” e os três amigos de Jó estavam determinados a solucionar o seu dilema. Mas eles esqueceram o mais importante. Eu entendo bem isto., Houve um tempo em meu primeiro casamento quando minha mulher estava lutando com alguma dificuldades e ficávamos, muitas vezes acordados até tarde da noite. Ás vezes , como as visitas de Jô, eu ficava ali mentalmente compondo uma lista de razões que eu tinha certeza que resolveriam o problema dela. Levou anos até que eu começasse a ouvir seu coração.

Se você estivesse com Jó e ouvisse suas palavras, como você o ajudaria? Percebendo sua depressão, confusão, raiva e medo, o que você diria? Faria um diagnóstico e dissecaria seu problema? Ou depois de ouvir aquela torrente de emoções, simplesmente diria. “Eu não tenho uma resposta para o problema complexo do sofrimento humano. Mas eu vou escutar seu coração, pois me importo profundamente com você neste tempo de sofrimento. Estou aqui, conte comigo!”

Ouvir seu amigo e escolher cuidadosamente suas palavras seria muito melhor do que as palavras cáusticas como as que iniciam o capítulo quatro de Jó.



O QUE DIZER?

Os amigos de Jó estiveram com ele uma semana, eles choraram e o ouviram, mas esqueceram do coração deste homem sofredor assentado sobre o monte de cinzas. Ele estava destroçado física e emocionalmente. Aqueles três homens que pensavam em fazer o bem e oferecer conforto, tornam-se exemplos do que não fazer ou dizer.



NÃO QUERIA AGIR COMO DEUS

Elifaz foi o primeiro amigo a falar. Ele começou seu discurso reconhecendo que Jó havia ajudado muitas pessoas com bons conselhos. Mas depois rapidamente passou a acusá-lo de não ser ensinável. Ele saúda o sofredor com uma repreensão: Mas agora, em chegando a tua vez, tu te enfadas; sendo tu atingido, te perturbas.

Depois da repreensão, Elifaz comete um erro ainda maior e se tornou o precursor de milhares que caem neste erro. Ele quis agir como Deus na vida de Jó. Escute-o:

Lembra-te: acaso, já pereceu algum inocente?

E onde foram os restos destruídos? Segundo

Eu tenho visto, os que lavram a iniqüidade

E semeiam o mal, isso mesmo eles segam. (Jô 4.7-8).

Ele considerou a complexa e profunda questão do sofrimento humano e simplificou a resposta reduzindo-a na simples afirmação: Você está sofrendo porque pecou.”

De alguma forma estava certo, pois vivemos num universo moral. O conceito geral de que colhemos o que plantamos certamente é ensinado no Salmo 1 e em Gálatas 6.7. Mas em outro sentido ele estava errado. Elifaz equivocadamente concluiu que todo o sofrimento em nossas vidas é resultado do nosso pecado. Ele tentou encaixar Jô nesta visão limitada., acusando-o de ser um pecador em sua vida pessoal.

Ao descrever sobre o sofrimento humano Pierson nos lembra que não há respostas fáceis:

. O sofrimento surge porque vivemos num mundo pecador.

. Algumas vezes os problemas surgem porque Deus quer moldar nosso caráter.

. Outras vezes o sofrimento surge porque somos cristãos.

. As vezes, nosso sofrimento é como o espinho na carne de Paulo, está nos ensinando a depender do poder de Deus.

Quando as pessoas estão sofrendo, confusas e se agarrando ao que lhes foi ensinado sobre o amor de Deus e de sua própria tragédia pessoal, frequentemente, achamos que alguma coisa deve ser dita. Pensamos que alguma explicação precisa ser dada para aliviar seu sofrimento. Mas temos que nos abster de tentar explicar o inexplicável. Quando tentamos dar respostas que somente Deus pode dar, estamos brincando com Deus.

Há um antigo hino que começa assim: “Se pudéssemos ver além do hoje como Deus o faz”. Mas não podemos. E se impulsivamente damos respostas fáceis, para organizar a confusão daqueles que estão sofrendo, só aumentamos as dores dos feridos. Precisamos nos cuidar para não ultrapassar o limite ao ponto de agirmos como Deus. Só nosso amado e soberano Senhor sabe as razões do sofrimento de alguém. Só Ele sabe Seu propósito e plano.

Alguns discípulos de Elifaz se encontram em nossas igrejas do século 21. Embora eles sejam bem-intencionados, podemos encontrá-los nos hospitais brincando de Deus, explicando às pessoas porque a vida desabou sobre elas. Eles citam as Escrituras pra pacientes em seu leito de dor e tentam desvendar mistérios. Não seria mais sábio deixar o próprio Deus ser Deus?

Não ajamos como se conhecêssemos a mente de Deus e a razão pelo sofrimento de alguém. Não queira agir com Deus.



NÃO SEJA SUPERFICIAL

Elifaz continuou a dizer a Jô que a verdade é a seguinte: O inocente não sofre. Ele descreveu a visão que teve à noite, que provava porque Jô estava sofrendo – ele havia pecado.

Uma palavra se me disse em segredo; e os mês ouvidos perceberam um sussurro dela. Entre pensamentos de visões noturnas, quando profundo sono cai sobre os homens, sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram. Então, um espírito passou PR diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos do meu corpo; parou ele, mas a não lhe discerni a aparência; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz: Seria, porventura, o mortal justo diante de Deus? Seria, acaso, o homem puro diante do seu Criador? (Jó 4. 12-17).

Jó que experimentara perdas de imensa magnitude, não necessitava de conselhos baseados em sonhos e visões. Ele precisava de conforto concreto – não clichês e chavões superficiais.

No dia 16 de Abril de 2007, os Estados Unidos experimentou o pior massacre dos últimos anos. Aconteceu na Universidade Tecnológica da Virgínia, localizada no interior desse mesmo estado. A Virgínia é o local mais tranqüilo que alguém possa imaginar. No entanto, quando as aulas matinais se desenvolviam normalmente na Universidade, nos canais de notícia a cabo começaram a noticiar os “furos de reportagem”. Um jovem problemático estudante, com histórico de problemas emocionais, entrou armado em dois prédios e atirou cerca de 170 vezes. Ele matou 32 estudantes e professores antes de atirar em si mesmo. Este terrível ato de violência abalou a tranqüila manhã de segunda-feira e produziu dor e choque inimaginável.

Logo veio a convocação para conselheiros apoiarem o pessoal do campus e a comunidade. Corações estavam partidos e eram necessárias palavras de conforto. Não havia tempo para superficialidade e respostas “rasas” pra pessoas com profundos questionamentos sobre dor, sofrimento e a maldade do mundo.

Nossos amigos que sofrem também não precisam de nossa superficialidade. Se você realmente quer sabe o que dizer para alguém que está passando por uma “tempestade”, leia o que Jó disse às suas visitas.



TRANSMITA ESPERANÇA



Jó queria razões pra ter esperança. Ele perguntou aos seus amigos.

Por que esperar se já não tenho forças: Por que prolongar a vida se o meu fim é certo.

No pior momento de sua vida ele nos fornece uma expressiva figura de linguagem que reflete a necessidade de seu coração:

Meus irmãos aleivosamente me trataram: são como um ribeiro, como a torrente que transborda no vale, turvada com o gelo e com a neve que nela se esconde, torrente que no tempo do calor seca, emudece e desaparece do seu lugar. Desviam-se as caravanas dos seus caminhos, sobem para lugares desolados e perecem. As caravanas de Tema procuram essa torrente, os viajantes de Sabá por ela suspiram. Ficam envergonhados por terem confiado; em chegando ali confundem-se.

Jó disse que seus três amigos que o decepcionaram pareciam riachos secos. Como eu morei no Oriente Médio, para mim é fácil visualizar esta cena. Cada manhã minha m mulher e eu caminhávamos bem cedo para vencer o calor e passávamos sempre por um riacho seco. Tal como Jó descreveu. Ele precisava de palavras refrescantes de esperança, mas tudo o que ouviu foi seco como um deserto. Ele esperava por água refrescante mas o que experimentou foi decepção.

Em seu livro Bil Hybells ressalta a necessidade do sofredor de ouvir palavras de esperança. Ele dá estas sugestões:

. Para aqueles que estão cheios de vergonha – Graça e perdão seja convosco.

. Para aqueles que estão presos a hábitos destrutivos – Quando o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

. Para os que estão fracos – A força do Senhor, o fortalecedor, pode ser sua, basta pedir.

. Para os cansados – Jesus promete descanso para suas almas.

. Para os pobres – Riquezas espirituais.

. Para os desprovidos – provisão no tempo certo.

. Para os que sofrem – consolo e conforto. A alegria do Senhor é a nossa força.

. Para os doentes e moribundos – vida eterna e novos corpos na vida porvir.

Então não são palavras superficiais que devemos proferir como respostas fáceis para aliviar o sofrimento do outro. Quando a esperança praticamente se foi, palavras como estas podem ser um presente inestimável para o sofredor, se compartilhadas sensivelmente e no tempo adequado.

No meio do diálogo sombrio e deprimente entre Jó e seus amigos ele irrompe de sua escuridão pessoal com algumas palavras de esperança. São palavras que devemos compartilhar com compaixão ao ministrarmos aos nossos amigos que estão sofrendo. O que Jó declarou é a palavra máxima em termos de esperança:

Porque eu sei que meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros, de saudade me desfalece o coração dentro de mim. (Jó 19.25-27).

Vale a pena guardar esta passagem em nossa memória e depender dela no nosso ministério àqueles que sofrem. Mateus 11.28 pode ser de grande ajuda quando nossos queridos estiverem sofrendo e questionando Deus. Questões da vida, morte e perdas podem levar as pessoas a desafiar a sabedoria e o amor de nosso Pai Celestial. Mas Jesus estende este mesmo convite a eles, o qual você pode compartilhar no tempo certo:

Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei.

Quando aqueles que estão sofrendo corre para o encontro de Jesus, descobrirão o descanso que Deus providenciou através da cruz – a certeza de uma vida futura no céu e uma caminhada com Deus nesta jornada terrena. A maior ajuda que podemos dar ao nossos amigos quando passam por dificuldades é colocá-los nos braços do nosso carinhos e sábio Deus. É ali que se encontra a esperança.



FALE COM GENTILEZA

Jó também disse aos seus três conselheiros outra coisa que precisava:

Ao aflito deve o amigo mostrar compaixão, e amenos que tenha abandonado o temor do Todo-poderoso (Jó 6.14).

No livro de Jô no capítulo seis ele abre o seu coração. O homem que tinha sido identificado como “o maior de todos do Oriente”, se torna o maior sofredor da terra. Depois de ouvir as dolorosas acusações de seus visitantes, ele ansiava por palavras bondosas, mas verdadeiras; compassivas, mas honestas.

Você deve procurar arduamente para encontrar palavras bondosas nos longos diálogos de qualquer um dos três amigos de Jó. A expressão mais próxima de bondade que eu pude encontrar no capítulo 4, quando eles re conheceram que no passado as palavras de Jó tinham servido para sustentar os que tropeçavam e fortalecer os joelhos vacilantes. Mas Jó ansiava por muito mais, pois seu sofrimento era profundo e a solidão estava se instalando como a neblina da manhã. Escute-o.

“Pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem, como estranhos, se apartaram de mim... Os que se abrigam na minha casa e as minhas servas se têm por estranho, e vim a ser estrangeiro aos seus olhos.( Jó 19-13-15).

Não é de se espantar que Jô quisesse um pouco de bondade. De fato ele estava dizendo, “Eu preciso de bondade – não de argumentos.

Eu sofri a perda da minha primeira esposa em 1979. Ela estava morrendo de câncer e passou seus últimos meses aqui na terra numa cama hospitalar em nossa casa. Cuida dores tomavam conta dela diariamente e os amigos sempre encontravam uma maneira de demonstrar amor à nossa família.

Recebíamos refeições, telefonemas e cartões que traziam palavras de encorajamento e nos ajudavam. Pessoas que haviam sido ajudadas aconselhadas por minha esposa antes dela ficar doente, expressaram sua gratidão. Suas palavras eram bondosas e esperançosas. O tipo de palavras que Jó desejava, mas que nunca ouvira de seus amigos.

Então, se você realmente deseja ser um amigo que se importa e que diz palavras bondosas a quem realmente necessita ouvi-las, o que você pode dizer? As melhores palavras são aquelas que vêm do seu coração. Por exemplo diga-lhe como sua amizade foi importante para você; compartilhe um momento inesquecível que passaram juntos. Diga-lhe que poderá contar com você sempre . Diga eu amo você. Deixe-o à vontade pra lhe telefonar a qualquer hora. Compartilhe as várias maneira como ele o ajudou na sua caminhada na fé. Expresse interesse de seu coração.

Há um tempo pra trazer á memória as boas lembranças e para falar sobre a esperança espiritual futura. Mas também há um tempo pra ser corajoso e honesto com aqueles que sofrem.



COMPARTILHE HONESTAMENTE

Em Jô 6.25 ele confronta seus acusadores e exige uma conversa franca - “palavras verdadeiras”.

Oh! Como são persuasivas as palavras retas! Mas que é o que repreende a vossa repreensão?

Ele queria saber o que eles tinham encontrado cem sua vida que justificasse um sofrimento tão intenso. Onde ele falara falsamente?

Quando nossos queridos estão sofrendo, eles podem ter sérias perguntas com ralação ao que lhes está acontecendo. A tragédia pode levá-los a uma montanha russa emocional, e é importante ouvir e se sensível ao seus sentimentos deixando que eles liderem a conversa. Também é de grande ajuda, perguntar-lhes cuidadosa, porém corajosamente, que perguntas os perturbam.

Eles têm dúvidas ou temores do desconhecido?

Pacientes que sabem que sua doença é terminal confessam que têm vontade de conversar com alguém sobre sua condição e sobre como se sentem. Eles querem que um amigo lhes pergunte sobre seus temores, e si, sobre a morte. Peça a Deus que lhe mostre se você deve elevar a conversa a este patamar de honestidade.

Suponha que a dor que seu ente querido está sofrendo seja a agonia do divórcio. Esteja disponível, com um ouvido atendo e coração compassivo. Mas você pode atingir outro patamar. Jó disse que as palavras honestas podem ser doidas. Salomão escreveu: “Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”. Então, quais palavras seriam consideradas honestas nos primeiros meses de recuperação de um divórcio?

. Agora você está tremendamente vulnerável física e emocionalmente. Por favor, preserve seu coração, sua mente e seu corpo.

. Seria melhor se você não tomasse nenhuma decisão precipitada em relação às finanças e moradia.

. Prepare-se para enfrentar a confusão da vida de seus filhos quando eles tiverem os direitos a visitas.

. Aqueles que estão em situações dolorosas precisam das palavras honestas e úteis, de um verdadeiro amigo. Em geral, mascarar a verdade cria tensões desnecessárias.



ENFRENTANDO O MISTÉRIO DO SOFRIMENTO

A vida é marcada por eventos de sofrimento, tanto grandes, quantos pequenos. Alguns deslizamentos de terra, enchentes, ciclones e terremotos são resultados de um desastre natural que se abate sobre comunidades inteiras trazendo perdas, sofrimento e pranto. Outros como guerras e terrorismo são fruto da maldade humana e afetam o mundo profundamente. Outros ainda são particulares, afetando um indivíduo ou uma unida família.

Em todos estes casos, há um ameaça comum – a luta para entender o sofrimento e como ele acontece.

Eu gostaria que os capítulos finais de Jó tivessem a resposta, mas se você ler até o capítulo 38, quando finalmente Deus fala, o que se espera é que uma resposta definitiva a respeito do sofrimento humano seja dada. Mas isto não acontece, a história dá uma virada. Deus não dá respostas, Ele só faz perguntas, - perguntas científicas que se referem as áreas da zoologia, astronomia e meteorologia, dentre outras.

Jó colocou-se diante do Poderoso Deus em silêncio espantoso. Ele queria saber o “Por quê?’, MAS Deus respondeu com “Quem”.

A lição para Jó e para nós é esta: Se Deus pode cuidar do universo de forma tão espetacular, podem confiar no Seu amor e sabedoria com relação aos complicados e inexplicáveis mistérios da vida.

Quando você estiver enfrentando o mistério do sofrimento; leia Jó 38 e 39. E quando você escutar as perguntas daqueles que estão passando por dificuldades, confie em Deus como o melhor e maior consolador.



ALCANÇANDO AS PESSOAS

A história termina com seus três amigos sendo repreendidos pelo Senhor e com a restauração maravilhosa de Jô. Ele orou por seus miseráveis consoladores que foram uma tremenda decepção para ele. Assim, o Senhor mudou a circunstâncias ao redor de Jô dando-lhe duas vezes mais do que ele tivera anteriormente. Jó 42.10. Ele teve mais dez filhos e os seus gritinhos alegres ressoaram ao derredor de sua fazenda. Que grande final para 41 capítulos cheios de sofrimento!

Como o final da história de Jó nos ajuda ao ministrarmos a um amigo que sofreu uma grande perda? Jó teve seus rebanhos novamente e uma nova família. Isto quer dizer que podemos prometer um final feliz aqueles que sofrem?

O grande capítulo da fé, registrado em Hebreus 11, pode nos ajudar a responder assim: Alguns “escaparam a fio da espada, outros foram mortos a fio de espada. Assim como há um mistério no sofrimento, há um mistério na recuperação.

Não sabemos o que o Senhor fará no futuro, por nossos amigos ou aqueles a quem amamos que estão sendo provados. Mas podemos ser um encorajador que usa seu tempo para ouví-lo dizer palavras honestas, bondosas e de esperança.

Assim, na hora da necessidade, vá até aqueles que está lutando, com confiança, com o ouvido pronto para ouvir, com as promessas de Jesus incitando você: Porque tive fome, e me deste de comer; tive sede e me destes de beb3er, era forasteiro, e me hospedastes; estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me. Então, perguntarão SOS justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhe dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, Amim o fizestes. Mateus 25.35-40.

Ao alcançar as pessoas que sofrem compartilhando com elas a compaixão e o cuidado de Cristo, você está tocando-as com o amor do próprio Cristo. Pois na verdade, quando você estiver servindo aquele que está sofrendo. Você está servindo a Cristo.

TIRADO DO DEVOCINAL DO MINISTÉRIO RBC

Nenhum comentário:

Postar um comentário